sexta-feira, 21 de março de 2014

Inocência


G.Helnwein - Painel na entrada do CCBB - São Paulo - SP - Foto tirada pelo autor

Amar!  Nas palavras transviadas de Mário de Andrade: um verbo intransitivo. Pecar, outro verbo cujo mérito surge na dependência dos sistemas de valores de cada pessoa. Amar é inexplicável se quisermos uma precisão lógica confortável. Pecar é mais claro porque se referencia no que acreditamos. Porém, eu poderia pecar se disser que não acredito em amor? Ou poderia amar se disser que acredito no pecado e o relego da minha vida, pela força do meu livre arbítrio? Da poesia de Neruda eu trago um verso que diz: “amo o que não tenho”. Amo uma imagem que criei em todo o meu próprio exercício de viver. Uma imagem de mulher que ainda não existe e possui atributos harmônicos com o quais eu suponho sentir os vestígios da felicidade.  Mas peco em não lhe dar formas na minha realidade.

Neste momento talvez ela seja uma garota que surge ao lado do menino que está no meu coração. Os anos que o infortunaram transformaram a lascívia dos seus sentimentos em doce ternura. Nada há mais para se desejar, a não ser a inocência de perceber que o mundo não é mais o mesmo. Que as pessoas envelheceram. Que a amargura petrificou o seu coração.

São Jorge - Saint George

  Imagem gerada pelo Midjourney São Jorge! Mostraste a coragem misericordiosa que me livrou do dragão que sempre carreguei em meu coração. I...