quinta-feira, 3 de julho de 2014

Next Station, Anhangabaú

http://commons.wikimedia.org/wiki/Alan_Turing#mediaviewer/File:Turing_Plaque.jpg

Repentinamente, após um esquisito efeito sonoro, as mensagens do metrô começaram a ser traduzidas para o idioma inglês. Agora, a grande massa de turistas estrangeiros que vieram para copa, formada majoritariamente por países onde predomina o idioma espanhol, pode entender qual é o nome da próxima estação. Eu vi muitos argentinos, colombianos, uruguaios e chilenos, poucos cidadãos de outros lugares. Mas isto definitivamente não importa, mesmo que na França eu tenha que me preparar para entender o que é droite ou gauche, ou perceber que FranqualanRosevelte é a estação Franklin Roosevelt. O que é relevante é que esta discussão trouxe na minha mente uma história interessante. Porém, o que entrelaçamento (creio que seja o que conheci por entanglement antes dos iberos lusos meterem a mão, ou opinião) tem a ver com as estações de metrô? Tudo e nada. Obviamente, o que se faz num trem na estação Barra Funda não implica movimentações de outro trem na estação Jabaquara, exceto em casos de greve onde parece haver uma simultaneidade orquestrada. De qualquer maneira, o que se faz aqui é reflexo do que pensamos ocorrer no mundo dito civilizado. Uma tentativa vira-lata (para se usar o termo démodé do sempre moderno Nelson Rodrigues) de querer parecer primeiro mundo. E isto me leva a questão do méson-pi e do Cesar Lattes, que muitos de você somente o conhecem por causa do nome do sistema de gestão de curricula acadêmicos. Lattes foi o primeiro a descrever o méson-pi na revista Nature, mas quem levou o Nobel foi o britânico Cecil Powell, seu companheiro de pesquisas. Naquela época, nosso viralatismo usava baldes de piche em picos do Chile, ao invés dos modernos e caros aceleradores de partículas, o que pode ter arrazoado seu esquecimento pela Academia Sueca. Paciência! O placar permanece Argentina 5 x Brasil 1 em números de Nóbeis, o que eu considero muito mais relevante do que quantidade de copas do mundo.

Em 2006 eu fui penetra no primeiro evento sobre computação quântica no país, realizado no Rio Grande do Sul. Mas não vou falar que foi em Pelotas para não zoarem comigo. Consegui entrar como uma espécie de representante da USP e, para parecer que não estava boiando tanto, tive que manter a minha boca calada o maior tempo possível, e fazer cara de coruja atenta.  Penetra mesmo, mas bem intencionado. Larguei a física na década de 80 traindo-a com a ciência da computação. Ocorre que neste século as duas ficaram amigas em torno da QTM. Para quem não sabe, o “T” da sigla é do Alan Turing, o primeiro a descrever como uma máquina que ainda não existia deveria funcionar: o computador. Tecnicamente, todo computador é uma máquina de Turing, e agora vocês podem suspeitar o que é o “M” (machine). O “Q” é exatamente a aliança que ligou as duas áreas do conhecimento, ou seja, a quântica. Como todo interessado em novas fronteiras da ciência da computação, especializado em criptografia, eu precisava me inteirar sobre o assunto. É uma boa intenção, não?

Bem! Continuarei depois neste blog para explicar a pirâmide de arseneto gálio, os critérios para viabilizar um computador quântico, a questão que vale um milhão de dólares (equivalência P x NP), entanglement (eu prefiro a tradução literal: emaranhamento), onde tudo é processado e o que eu estou fazendo aqui?

São Jorge - Saint George

  Imagem gerada pelo Midjourney São Jorge! Mostraste a coragem misericordiosa que me livrou do dragão que sempre carreguei em meu coração. I...