domingo, 26 de outubro de 2014

Madrugada de Domingo (La Madrugada del Domingo - versión española).


Pronto estará claro. El sol va a barrer las sombras ya desvanecidas de los objetos. El silencio de la adelantada madrugada va a ser una samotana de sonidos tintineantes de las cosas que deshacerse del frío, aunque no tan intenso. No habrá cantos de gallos porque no hay más patios en la ciudad agrisada. Habrá apenas insistentes píos de gorriones adentro de los árboles olvidadas y sobre los tendederos de filos que llevan la modernidad para adentro de las residencias. Después vendrán los coches y los autobuses, aumentando el volumen para estruendos de civilización.

Pero, por mientras, estoy solo con las calles desiertas y mal alumbradas por las esparcidas bombillas. A veces, un perro protegido por verjas asusta mío caminar. A veces, bultos hacen mi fisonomía verter seriedad, para después si aligerar al constatar los borrachos de fin por la noche. Desatinados y largados en el bordillo, acompañados o no de botellas vacías.  O acompañados de la misma soledad que se abulta por el negror del cielo. Soledad que esconde los horizontes, los porvenires y el destino de la misma forma que el negro de la obscuridad. Y de la misma forma que la vida baldía, que está esparcida entre la acera y la calle, bebo la soledad por el gollete y abandono mi ánimo por la vida mal iluminada. Con las mismas ropas arrugadas y desarregladas, visto la infelicidad andrajosa.

Sin embargo, a sí mirar mejor para uno de ellos, percibo el blanco de una camisa fina, allende de una botella de Stolichnaya al lado, con por lo menos un trago adentro, casi a si derramar en el suelo. Sospecho que no estoy delante de alguien de lo populacho.  Qué me lleva a pensar que la miseria de la mente conduce el alma para alguna forma de pordioseo. No le daré una moneda porque él no necesita, ni puedo dar mi complacencia porque yo no preciso. Los caminos nos llevan para lugares distintos y aquel cuerpo es apenas más uno delante de tantos que cruzo. Mantengo mis pasos, mismo cuando ellos me llevan para un rumbo incierto. No hay tanta benevolencia franciscana en mi vida para parar por algunos minutos. De todos modos, él no me parece despierto. Creo que suya vista apenas busca la obscuridad que está tras de mí para olvidar que tiene un mundo a suyo rededor. Así, ignorándolo, sigo enfrente.

Atravesé las calles por diversa veces. A veces me sentía bien del lado impar de las casas. A veces esto me incomodaba y yo perfilaba con los pares. No me pregunten las razones para esto. En la falta de lo que hacer yo invento todas las formas de motivo, como aquél que me llevó a salir del bar y caminar casi 15 kilómetros hasta mi casa. Percibo qué hay pocos coches estacionados y disponibles para ser robados. No que yo tenga intención de hacerlo, pero no solamente mi vida abatió: todo parece desmoronar en estes tiempos sombríos. Caminar por la madrugada y estacionar coche en la calle son cosas para locos.

Es verano y no hay orvallo para brillar en los primeros rayos de sol. Es una pena porque me gusta ver la humedad avanzar por las paredes para después lentamente secar. Parece un movimiento que baila con el sol y da vida a estos muros descoloridos. De todos modos, son casi cinco horas y yo veré apenas las construcciones se accedieren más. Veré el marrón de los tejados de las pocas casas y la ceniza de las rejas clarearen. Parece que el negro de los portones también clarea. Luego oiré los ruidos, veré las personas. Éstas por cierto un poco más tarde, porque es domingo y ellas desfilan sus perezas matutinas en casa, debidamente autorizadas por el calendario. Veré los chuchos que ladraban en mi camino. Los drogodependientes a salir de sus paquetes nocturnos. Los borrachos tropezando en sí mismo a caminar para sus lares, cuando hubiere uno. Veré la portería de mi edificio y nadie a esperarme.

No me veré porque no se ve lo que no se comparte. Es por el foco de la pasión que nos percibimos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Madrugada de Domingo


Logo mais estará claro. O sol varrerá as sombras já esvaecidas dos objetos. O silêncio da avançada madrugada será barulhado por ruídos tilintantes de coisas que se livram do frio, mesmo que não tão intenso. Não haverá cantos de galos porque não há mais quintais na cidade acinzentada. Haverá apenas insistentes pios de pardais dentro das esquecidas árvores e sobre os varais de fios que levam a modernidade para dentro das residências. Depois virão os carros e os ônibus, aumentando o volume para estrondos de civilização.

Mas, por enquanto, estou só com as ruas desertas e mal iluminadas pelas esparsas lâmpadas. Às vezes, um cachorro protegido por grades assusta meu caminhar. Às vezes, vultos fazem minha fisionomia verter seriedade, para depois se aliviar ao constatar os bêbados de fim de noite. Desatinados e largados no meio-fio, acompanhados ou não de garrafas vazias.  Ou acompanhados da mesma solidão que se avulta pelo negrume do céu. A solidão esconde os horizontes, os futuros e o destino da mesma forma que o negro da escuridão. E da mesma forma que a vida baldia, que está espalhada entre a calçada e a rua, eu bebo a solidão pelo gargalo e abandono meu ânimo pela vida mal iluminada. Com as mesmas roupas amarrotadas e desarrumadas, visto a infelicidade maltrapilha.

Porém, ao se olhar melhor para um deles, percebo o branco de uma camisa fina, além de uma garrafa de Stolichnaya ao lado com pelo menos um gole dentro, quase a se derramar no chão. Suspeito que não estou diante de alguém da arraia-miúda.  O que me leva a pensar que a miséria da mente conduz a alma para alguma forma de mendicância. Não lhe darei uma moeda porque ele não precisa, nem posso dar minha complacência porque eu não preciso. Os caminhos nos levam para lugares distintos e aquele corpo é apenas mais um diante de tantos que cruzo. Mantenho meus passos, mesmo quando eles me levam para um rumo incerto. Não há tanta benevolência franciscana na minha vida para parar por alguns minutos. De qualquer maneira, ele não me parece acordado. Creio que a sua vista apenas procura a escuridão atrás de mim para esquecer que tem um mundo ao seu redor. Assim, ignorando-o, sigo em frente.

Atravessei as ruas por diversas vezes. Às vezes me sentia bem do lado ímpar das casas. Às vezes isto me incomodava e eu perfilava com os pares. Não me perguntem as razões para isto. Na falta do que fazer crio todas as formas de motivo, como aquele que me levou a sair do bar e caminhar quase 15 quilômetros até a minha casa. Percebo que há poucos carros estacionados e disponíveis para serem roubados. Não que eu intencione fazê-lo, mas não somente a minha vida desabou: tudo parece desmoronar nestes tempos sombrios. Caminhar pela madrugada e estacionar carro na rua são coisas para loucos.

É verão e não há orvalho para brilhar nos primeiros raios de sol. É uma pena porque gosto de ver a umidade avançar pelas paredes para depois lentamente secar. Parece um movimento que dança com o sol e dá vida a estes muros desbotados. De qualquer maneira, são quase cinco horas e eu verei apenas as construções se acederem mais. Verei o marrom dos telhados das poucas casas e o cinza das grades clarearem. Parece que o preto dos portões também clareia. Logo ouvirei os ruídos, verei as pessoas. Estas decerto um pouco mais tarde, porque é domingo e elas desfilam suas preguiças matutinas em casa, devidamente autorizadas pelo calendário. Verei os vira-latas que latiam no meu caminho. Os dependentes de crack a saírem dos seus pacotes noturnos. Os bêbados tropeçando em si mesmo a caminhar para seus lares, quando houver um para irem. Verei a portaria do meu prédio e ninguém a me esperar.

Não me verei porque não se vê o que não se compartilha. É pelo foco da paixão que nos percebemos.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Religiosidade


Talvez por um descuido na minha formação, ou talvez pela maneira arrazoada como trato os problemas e, por conseguinte, o desconhecido, eu não sou um frequentador assíduo de templos ou locais eclesiásticos. Exceto pelo valor histórico e humanístico das edificações e objetos, bem como sua importância semiótica (motivos mais do que justos para eu visitá-los) eu sempre pensei que a igreja existe no meu coração. Fora dele existem os eventos onde eu aplico o meu livre arbítrio. Às vezes as situações são factíveis de interpretar, outras vezes nos remetem para conjecturas fantásticas. O que não conheço me incomoda, ou incomodava, mas nunca utilizarei uma explicação através de meios impossíveis de se comprovar. Prefiro um sincero “não sei” às especulações mirabolantes. Todavia, dentro do meu coração é onde eu posso encontrar a paz e o divino para prover significação para os meus dias. Pois eu sou um físico. Não no sentido de ofício, mas de formação. E ser físico não é fruto de oportunidades fortuitas que o destino te presenteou. Ser físico representa uma escolha profundamente sedimentada nas minhas convicções. Porém, neste momento eu gostaria de não tergiversar através de estereótipos elegantes ou maquiavélicos do conceito desta formação. As minhas convicções concernem com a questão da indomesticabilidade do meu pensamento, da forma como eu emprego a heurística para prover substância e certezas relativas ao meu raciocínio, e principalmente como eu controlo a emoção para me isentar das preferências de escolha. Poderia agora expandir a frase para: “eu sou um físico que carrega uma medalha de São Judas Tadeu no meu peito”. Mas não sou católico, na assertiva mais aceita da adjetivação. Isto provocou uma espécie de indignação num garçom que conheci em Milão. Ele abriu seus braços quase na amplitude de aplicar um abraço, olhou para o belo teto vitral da galeria Vittorio Emanuele, embora procurasse representar que fitava os céus, e montou uma expressão facial como se dissesse: perdoe-o, ele não sabe o que fala! E eu ainda acrescentei: comprei no Vaticano, e banhei por três vezes na primeira pia batismal que encontrei na Catedral de São Pedro. A expressão virou um balançar de cabeça que dizia: não, não, não, não. Você deve estar pensando por que três? Ah! Na Cabala o número três significa luz. Mas por que não sete, que representa o triunfo do espírito sobre a matéria? Será que utilizei a numerologia, onde o número três regula a criação e a criatividade? Ou utilizei o sistema pitagórico, onde o três é reservado para os artistas e escritores? Bem! O número três foi escolhido apenas por um acordo entre eu e o meu filho para estabelecermos um ritual mínimo, e o seu significado é ainda mais minimalista: gostamos dele! Afora o gracejo, este sou eu: livre, mas que respeita a necessidade de rituais e celebrações com o divino, e que também sente falta do entendimento do meu significado dentro do mundo, dentro da existência e da humanidade. 

São Jorge - Saint George

  Imagem gerada pelo Midjourney São Jorge! Mostraste a coragem misericordiosa que me livrou do dragão que sempre carreguei em meu coração. I...