O curioso desta época de festas é transformação que sempre ocorre com as pessoas: lembram-se dos sucessos e insucessos do ano que se finda, e planejam o porvir. É sempre um tempo de reflexão e esperança, onde se procura algum desacerto para corrigir e se empenha toda confiança nos dias que estão ali, após a virada do réveillon. A questão mais básica para se refletir é se fomos felizes neste ano que está literalmente com os dias contados. Felicidade, insumo básico do bem estar da vida, é uma espécie de conceito vago, abstrato e subjetivo. Sempre a desejamos para aqueles que moram em nosso coração, e às vezes até para aqueles com quem travamos as mais sérias bravatas. Tudo dependerá do quanto nossa alma é altruísta. Felicidade não se compra, embora tenhamos a impressão de que posses materiais a garantiriam. Felicidade não se dá, embora possamos inspirá-la com nossa alegria e positividade. Felicidade é quase como aquele sonho que se tem acordado, onde imagens que nos confortam transitam pela mente, trazendo um estado de bem estar sempre pressentido por entre as horas do cotidiano. Então devemos perguntar a nós mesmos, fomos felizes? Na aritmética imprecisa do nosso íntimo, o balanço das realizações sobre as vicissitudes pode redundar uma conclusão que não. Então devemos identificar o que nos afetou, mas de uma forma isenta de emoções impuras, aquelas que estão mais ligadas aos fatos de infortúnio do que ao que ocorre no nosso íntimo. Depois devemos planejar como evitar ou refutar os mecanismos pelos quais as situações incômodas ocorreram. Talvez isto seja simples, ou talvez não. Neste último caso, devemos nos apoiar naqueles ou naquilo que nos navegaria por mares mais calmos.
Por outro lado, a aritmética pode nos dizer que fomos felizes. Então, devemos cruzar os braços e esperar que a inércia nos traga outro ano feliz? Definitivamente não! A vida é deveras dinâmica para que esperemos pelas realizações. Precisamos nos inspirar, nos motivar, sonhar, viver uma vida digna de ser vivida. Podemos ajudar aqueles que estão ao nosso redor, ou mesmo mais longe. Podemos confortar os que não foram brindados por este sentimento gostoso de alegria cotidiana. Podemos lutar contra a injustiça, a corrupção, a malversação. Podemos tanto, mas tanto mesmo! Basta começarmos.
Feliz 2015.