sábado, 9 de janeiro de 2016

... E diz que me ama.

Por Carsten Tolkmit from Kiel, Germany (Kiel Bay at night) [CC BY-SA 2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0)], undefined


Com as primeiras brisas da noite, a impressão de quietude nos abraça. O sopro suave da Natureza mal agita as folhas da árvore acima, que balançam um balé soturno, manchadas pelas sombras da noite. A algazarra dos pássaros se calou. O ir e vir das conversas cessou.  O horizonte se apagou sob um manto negro. Nem uma voz de amantes ousa desafiar a solidão. Nem uma lágrima atreve-se a revelar a tristeza.

No silêncio dos teus olhos posso ouvir as tuas súplicas. Nos desenhos do teu rosto posso moldar a tua paixão. Você me cala na tua gênese para dizer que não há um passado, nem um futuro. Há aquele momento que se apartou da eternidade para contemplar a infinitude da condição humana. Apenas vã. Poucas vezes a vi assim, sem as cornucópias da ambição, sem as certezas das convicções. Desarmada de esperanças, desalmada de sonhos.

Na tristeza da tua face posso sentir o desespero da angústia. Na mudez é quando você mais grita e diz que me ama.

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