quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Sonhos Ingênuos

Museu do Louvre

Já houve um tempo de sonhos ingênuos, que coloriram a graça da vida por anos. Quando se é jovem, tudo é infindo e crendeiro. Tudo se fia na espera de um súbito gracioso que deveria se alinhar no destino. Entretanto, a marcha de acontecimentos é lenta e os passos em círculos, que se caminha pelos anos, cavam nossas trincheiras. Decerto, alguém poderia enxergar meu coração muito além do vazio da minha personalidade. Um alguém também perdido pela insistência penserosa de dias mais amenos, onde se poderia encontrar um refúgio para a esperança... Escapou-me um riso ao perceber o verbo esperar na esperança. Deveria existir uma palavra como “atenuança”, para reforçar o sentido de que se quer apenas atenuar a desesperança, talvez com uma dose de verve engolfada com urgência e pressa em frente à beleza de uma emoção, quiçá única dentro de uma vida. O que se ocorre é a contínua perda de momentos, despejados como óbitos despercebidos em passados esquecíveis da contemplação. Quantas vezes apreciamos um pôr do sol? Em quantas vezes havia alguém ao lado, calado de palavras e loquaz de paixões? Quantas vezes conversamos com a alma de alguém? Quantas vezes demos um abraço num desconhecido motivado apenas por um dizer ou fazer? Se a conta ultrapassa dos dedos da tua mão, és uma pessoa afortunada e a sua vida pode ser resumida e ampliada pelos fervores. Talvez a tenha deixado como herança para uma humanidade diligente e rara, o que planta e replanta sonhos ingênuos, mas agora factíveis.

São Jorge - Saint George

  Imagem gerada pelo Midjourney São Jorge! Mostraste a coragem misericordiosa que me livrou do dragão que sempre carreguei em meu coração. I...