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Encantamento... uma palavra... encantadora; e com uma doce ambiguidade. Pode ser derivada de um feitiço, ou simplesmente ser um enlevo por alguma situação, visão ou somente por algum sentimento que emerge do peito, sem o devido controle da razão. Pode também significar sedução, ou algo sobrenatural que somente a intuição explica, com suas hesitantes palavras que procuram levar mais significados do que a semântica permite. Ou pode ser tudo isso, ou nada disso. Pode ser um arrebatamento, ou somente um agradecimento simpático. Infelizmente existe muito chão entre o desenho das letras à minha frente, e o pulso quiçá frenético de quem escreveu. Ariadne, não conheço os caminhos ermos que me deixaram neste labirinto vernáculo. Será apenas um sussurro entre as árvores que meus ouvidos mal conseguem ouvir? Será que constroem os sons que levam meu corpo finalmente para um êxtase na parca existência de anos áridos? Afogar-me-ei em todos os desertos que meus pés largarem no passado do meu passar, na impossibilidade de existir dentro da realidade de um colo feminino. A sede me afogará pelas lágrimas que encharcarão meu coração, na esterilidade do toque repulsivo, que se contêm dentro da vontade, do calor que não queima aquele sonho de fêmea. Oh... Ariadne... você não existe, a não ser em mim. A construo dentro dos meus delírios e alucinações; silhueta alucinógena pintada com as cores de van Gogh, e imortalizada com a febre viciante do querer, do desejar. Quero-te como um viciado, para te deixar consumir as minhas entranhas no meu desfalecimento. Quero-te como uma vertigem eterna, entremeada dentro dos momentos de uma vida insignificante e demorada.