Às vezes o tempo passa por mim e me atropela;
às vezes passo pelo tempo no atropelo.
Um corpo que vai carregado pelas horas,
embalado pelos anos que se estendem atrás de mim.
Sou apenas um corpo e um tempo,
que se conta até o fim
pelo desespero do começo.
Posso ser eternidade em cada minuto,
e efêmero também no além.
Sou um aquém no além de quem me lê.
Nada mais do que um segundo que já passou,
e um primeiro que nunca cruzou.
Estou no além do teu aquém,
neste chão em que me transbordo.
Na borda de quem não sou.
Sou quem não é.