Igreja Nuestra Señora del Pilar - Recoleta - Buenos Aires - Foto do Autor
Talvez não haja uma troca maior que o beijo. Talvez nem o sexo que, aliás, nada é sem o beijo. Sublime momento de desejo quando os meus lábios sensíveis tocarão os lábios daquela mulher que me olha ternamente, e transforma este instante em eternamente. Por um iminente tempo, em qualquer um dos seus segundos, seus olhos desviarão em falsa displicência. E retornarão para mim com mais brilho na alma, como se vestissem o lume do meu destino. Aproximo-me até sentir o cheiro e o doce hálito que, de tão doce, como criança quero me lambuzar. Como homem, quero vestir aqueles sentidos de sempre, pelo decorrer dos séculos, pelo desanuviar da paixão. Toco-a com as mãos nas costas e a aproximo lentamente até sermos um, num bailado rítmico, quase frenético, de faces, gostos, de ângulos por onde sinto o interior daquela que será ela. Daquela alma que será dela. Daquele tempo que será nosso.
E se eu pudesse beijar o coração? Obviamente não o posso sem os recursos da poesia, mas talvez não haja uma troca maior que este beijo. Talvez nem o beijo que, aliás, nada é sem o coração. Sublime momento de amor quando a minha alma sensível tocará a alma daquela mulher que me vê definitivamente, e transforma este instante em infinitamente. Por um iminente tempo, em qualquer um dos seus segundos, seu corpo desviará em falsa displicência. E retornará para o meu lado com mais ardor na paixão, como se vestisse o mais profundo desejo no meu destino. Aproximo-me até sentir o calor e o gosto daquela pele que, de tão quente, como velho quero me aquecer do frio da solidão. Como homem, quero vestir aqueles sentidos de alturas, pelos caminhos do universo, pelo desanuviar do amor. Toco-a com as mãos nos sonhos e me aproximo lentamente até sermos um, num bailado harmônico, quase parado, de anseios, fogo, delírios por onde sinto o tudo daquela que será ela. Daquele homem que será dela. Daquele infinito que será nosso.