By Earle M.
Pilgrim (The Estate of Earle M. Pilgrim) [GFDL
(http://www.gnu.org/copyleft/fdl.html) or CC BY-SA 4.0-3.0-2.5-2.0-1.0
(http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0-3.0-2.5-2.0-1.0)], via Wikimedia Commons
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A distância te empresta um vulto, que se encolhe a cada passo teu para o longe. A distância não se consome: derrama espaço entre nós e deita lágrimas no solo. Naquele corpo que se vai, eu me perenizei como homem. Agora ele me leva embora. Nada me deixa senão a lembrança de momentos que não se repetem mais. Nada me deixa senão uma saudade que acidamente corrói aquele amor refugiado no peito. Nada me deixa! Perdi a paixão, o amor e os vestígios de felicidade e agora sou apenas um mendigo emocional, com os trapos de abraços alheios e a sujeira das intenções. Estou espalhado pelas ruas e noites, nas vaginas insensíveis e no escuro da minha alma. É assim que intento sepultar tua saudade, com o veneno do meu desejo, demovido do afeto e da afeição.
Mas as sombras me revelam e cobrem as mentiras que conto para mim. Uma vitrine em falso transparente bloqueio, deixa o interior insurgir para mostrar meu rosto impreciso e pálido. Não parece com aquele que te teve nos braços, enovelado contigo. Recurvo sobre mim e aninho os olhos para buscar a improvável esmola do brilho dos teus. Olhar encharcado, fronte vincada, nenhum início de sorriso no canto da boca. Nenhuma palavra suspirada para praguejar da sorte. É apenas uma caricatura lúgubre, velando pelo passado e sem um destino para desenhar uma suavidade na feição. Não tenho mais refúgios para as minhas mentiras, só cavernas para me esconder da verdade que me tornei. Nestas sombras encontro o escuro dentro de mim.
Enveneno-me lentamente no avançar das horas, no contar dos dias e na eternidade dos anos. Enveneno-me com a melancolia de não tê-la em mim. E eu a tive aqui no meu corpo, como um lapso da eternidade, que se pausa a cada lembrança do teu sorriso. Sei que na distância repousa a esperança de submeter o vazio. Talvez um barulho de um carro, que se aguda ao passar, traga-te. Ou o destino me presenteie com outro vulto que, desta vez, se expanda na aproximação. Rompa as sombras, ilumine os caminhos e seja um antídoto par o veneno de perdê-la.