Agora estou só. Desliguei o celular e os sons que por vezes lembram uma existência. Eu poderia dizer que descanso a minha mente, mas minto. Não se descansa um mar revolto com mais ventos, não se acalma uma fera esfomeada. O que mais me incomoda é que meu grito não vai muito além destas paredes e as minhas palavras se enterram em si mesmas, com um frontispício de pretensa elegância para a surdez de ouvidos imaginários. Penso que os ditos abririam o meu coração, petrificado e maltratado, mas somente carregam palavras absortas da essência. Não ferem a pasmaceira incauta, não derrubam falsos horizontes, não denunciam uma solidão eterna. São apenas dizeres ditos a duras penas. São frases que não iluminam, apenas se obscurecem com o negrume de quem sou. Um pálido ponto negro dentro da luz da humanidade. Ofereço-te dor, pois é tudo que eu tenho. Nem lágrimas posso te dar porque a emoção foi embora, para outros braços abraçarem, sem o meu corpo despido de alma. Não posso te dar um futuro porque meu passado avança sobre ele e deixa os rastros de frustração. Não posso te dar o passado porque ele se encolhe no excesso de anos que se acumulam em calendários. Aquela criança sonhadora não está mais aqui. Não posso te dar o presente porque estou triste e não seria um presente, apenas um fardo que se carrega com lombo calejado. O que eu posso sinceramente dizer é um adeus. Uma singela despedida da pouca vida que tenho e que se posterga insistentemente pelos anos. Se estende indevidamente e se insinua entre o teu colo indesejoso e as pessoas ansiosas por ignorância. É! É possível que você também ignore tudo isso porque um “adeus” também não passa de uma palavra dita pelo mesmo ponto escuro. Este “adeus” talvez não seja uma despedida, porque quem aqui está já se foi há muito tempo na tua mente.
Ahora estoy solo. He apagado el teléfono y los sonidos que a veces recuerdan una existencia. Podría decir que descansar mi mente, pero miento. No se descansa un mar revuelto con más vientos, no se calma una fiera hambrienta. Lo que más me molesta es que mi grito no va mucho más allá de estas paredes y mis palabras se entierran en sí mismas, con un frontispicio de pretendida elegancia para la sordera de oídos imaginarios. Pienso que los dichos abrirían mi corazón, petrificado y maltratado, pero sólo cargan palabras absorbentes de la esencia. No hieren la pasmada incauta, no derriban falsos horizontes, no denuncian una soledad eterna. Son sólo dichos dichos a duras penas. Son frases que no iluminan, apenas se oscurecen con la negrura de quien soy. Un pálido punto negro dentro de la luz de la humanidad. Te ofrezco dolor, pues es todo lo que tengo. Ni lágrimas puedo darte porque la emoción se fue, para otros brazos abrazar, sin mi cuerpo desnudo de alma. No puedo darte un futuro porque mi pasado avanza sobre él y deja los rastros de frustración. No puedo darte el pasado porque se encoge en el exceso de años que se acumulan en calendarios. Aquel niño soñador ya no está aquí. No puedo darte el regalo porque estoy triste y no sería un regalo, sólo una carga que se carga con lomo calejado. Lo que puedo sinceramente decir es un adiós. Una sencilla despedida de la poca vida que tengo y que se posterga insistentemente por los años. Se extiende indebidamente y se insinúa entre tu cuello indeseado y las personas ansiosas por ignorancia. Es! Es posible que usted también ignore todo esto porque un "adiós" tampoco pasa de una palabra dicha por el mismo punto oscuro. Este "adiós" tal vez no sea una despedida, porque quien aquí está ya se ha ido desde hace mucho tiempo en tu mente.
Now I'm alone. I turned off the cell phone and the sounds that sometimes resemble an existence. I could say that I rest my mind, but I lie. No restless sea rests with more winds, a starving beast does not calm down. What bothers me the most is that my cry does not go far beyond these walls and my words burrow in on themselves, with a frontispiece of pretentious elegance for the deafness of imaginary ears. I think the sayings would open my heart, petrified and mistreated, but only carry words absorbed in the essence. They do not hurt the unsuspecting stench, they do not overturn false horizons, they do not denounce an eternal solitude. They are just said with great difficulty. These are sentences that do not illuminate, but are obscured by the blackness of who I am. A pale black spot within the light of humanity. I offer you pain, because that's all I have. No tears I can give you because the emotion has gone, for other arms to embrace, without my body naked of soul. I cannot give you a future because my past advances on it and leaves the traces of frustration. I cannot give you the past because it shrinks in the excess of years that accumulate in calendars. That dreamy child is no longer here. I cannot give you the gift because I'm sad and it would not be a gift, just a burden that is loaded with calloused loin. What I can honestly say is goodbye. A simple farewell of the little life that I have and that is persistently put off by the years. It stretches out unduly and creeps between your undesirable lap and the people anxious for ignorance. IT IS! You may also ignore all this because a "goodbye" is also just a word spoken by the same dark spot. This "goodbye" may not be a farewell, because who is here is long gone in your mind.